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Marcos Valério promete entregar documentos que comprovam mensalão tucano


O advogado Dino Miraglia sustenta que a morte da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, em Belo Horizonte, em agosto de 2000, teve relação com o mensalão tucano. Ela seria a “mula” do esquema, ou seja, a distribuidora de propinas entre os envolvidos

Valério quer falar sobre delação de Delcídio
Valério teria prometido entregar documentos sobre o mensalão tucano, gênese do mensalão federal, que envolve nomes importantes do PSDB como Eduardo Azeredo

Defesa de Valério Souza disse que o lobista afirmou que se comprometeu a corroborar trechos da delação feita pelo senador cassado Delcídio Amaral

OTEMPO, publicado 23/06/16 – 08h39

A defesa de Marcos Valério Souza disse que o lobista afirmou, no depoimento que prestou nesta terça-feira (21) em Belo Horizonte, que se comprometeu a corroborar trechos da delação feita pelo senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) à operação Lava Jato. Segundo o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, o material será compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) por envolver políticos com foro privilegiado.

“O nosso acordo é que vamos chamar já um representante do MPF. Vai compartilhar, vai ser ouvido junto. Aquilo que for de competência da Justiça Federal o MPF vai tomar para ele. O que não for, vai ficar com o MP estadual”, disse o advogado.

Segundo fontes que participam das negociações, Valério teria prometido entregar documentos sobre o mensalão tucano, gênese do mensalão federal, que envolve nomes importantes do PSDB como o ex-governador de Minas Gerais (1995-1999) e ex-presidente nacional da legenda Eduardo Azeredo, condenado a 20 anos e dez anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato. Valério está preso desde 2013, condenado por envolvimento no mensalão federal.

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Fator Valério

Murilo Rocha, em OTEMPO


Embora tivesse acompanhado o caso na CPI dos Correios como presidente do colegiado, Delcídio teria apenas sua palavra sobre o fato e precisaria de mais subsídios para garantir os benefícios de um acordo com os investigadores.

Nas tratativas para delação premiada relacionada ao mensalão mineiro, esquema que teria financiado ilegalmente a campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998, Marcos Valério promete apontar outras testemunhas que já estariam dispostas a falar sobre o assunto e garantiu ter os documentos para comprovar as acusações.

O principal deles um conjunto de arquivos e extratos bancários que mostrariam o real cenário dos empréstimos feitos no Banco Rural e que teriam sido maquiados antes de serem entregues à CPI dos Correios em 2005, como disse Delcídio. A suposta fraude está em investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito aberto após a delação do senador cassado.

O caso
Em seu acordo com a força-tarefa da operação Lava Jato, Delcídio do Amaral afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na época governador de Minas Gerais, teria atuado no sentido de alterar dados obtidos no Banco Rural pela CPI. O próprio delator afirma que, na ocasião, como presidente do colegiado, identificou algumas “maquiagens” em “dados comprometedores” fornecidos pelo banco e que, segundo ele, prejudicariam o ex-governador e o ex-vice-governador Clésio Andrade – além da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de Marcos Valério.

No relato de Delcídio, a maquiagem teria servido para esconder a gênese do mensalão, que teria surgido em Minas. Ele ainda cita na delação o hoje prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), na época deputado federal pelo PSDB, de quem teria ouvido detalhes do caso. Ele e Aécio são alvos do inquérito que está nas mãos do ministro Gilmar Mendes no STF.

Tanto na ocasião da divulgação da delação premiada quanto na da aceitação do inquérito pelo Supremo, o senador Aécio Neves e o prefeito do Rio rechaçaram as acusações. Aécio disse que as revelações são “mentirosas, que não se sustentam na realidade e se referem apenas a ouvir dizer de terceiros”.

Depoimento
Ontem, Valério foi ouvido por três promotores de Defesa do Patrimônio Público. O operador do mensalão chegou em um carro fechado do sistema prisional e não teve contato com a imprensa. Ele falou por cerca de três horas com os membros do Ministério Público e detalhou como poderia colaborar com as investigações do mensalão mineiro, que ainda está sendo julgado pela Justiça mineira. O próprio Valério é réu em uma das ações do caso.

De acordo com fontes próximas das negociações para acordo de delação, Valério teria munição para implicar até 18 pessoas, incluindo cerca de dez autoridades que têm foro privilegiado nos níveis federal e estadual.

Defesa e MP evitam falar do assunto
O advogado de Marcos Valério, Jean Robert Kobayashi, não confirma as informações repassadas à reportagem. Em conversa rápida com a imprensa na saída da sede do Ministério Público, ele apenas confirmou que foi feita uma “delação informal”, que cita “vários nomes, alguns com foro privilegiado”, e que os promotores “gostaram do que ouviram”.

O advogado afirmou que, em relação a eventuais autoridades com foro em instância federal, parte do acordo teria que ser compartilhada com a Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo ele, a defesa aguarda agora um retorno dos promotores para saber se a delação será de fato levada adiante. Por conta da amplitude da delação, as tratativas e os depoimentos devem durar vários dias.

Os promotores do MP também não quiseram dar detalhes sobre a conversa com Marcos Valério.

Outras motivações
Segundo apurou a reportagem, Marcos Valério também decidiu colaborar com as investigações ao se assustar com a alta pena aplicada ao ex-governador e ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), condenado em primeira instância a 20 anos e dez meses de prisão por participação no mensalão mineiro. Com uma pena que ultrapassa 37 anos no mensalão do PT, Valério temia passar o resto da vida atrás das grades.
No caso desta condenação, como já houve o trânsito em julgado e a pena já está sendo cumprida, não há mais como Valério obter qualquer benefício judicial.


Confira também, Leandro Karnal fala sobre a ética das cotas raciais: 


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