Por Paulo Nogueira - Existe um tipo de político que se agiganta quando a situação exige.
Não foge. Enfrenta perguntas ásperas. Está pronto para o combate.
E existe Aécio Neves, o desaparecido.
Dois anos atrás, Aécio pôs fogo no país ao não reconhecer a derrota para Dilma. Começava aí o processo de impeachment.
Aécio estava em todas. Quantas vezes não o vimos ao lado de Eduardo Cunha, ambos sorridentes comendo pasteis na companhia de tipos como Paulinho da Força?
Chegamos a ver, com frequência inusual, Aécio na tribuna do Senado, com discursos inflamados que nada lembravam o palavreado mineiro e macio do neto de Tancredo.
Aécio parecia Tom Mix: estava numa louca cavalgada. Tiros para um lado, tiros para o outro.
Os ventos estavam amplamente favoráveis para ele e para os golpistas em geral.
Era dar o golpe e tomar o poder. Pronto. Para Aécio, particularmente, 2018 estava a uma esquina, ao alcance dos dedos. Finalmente a faixa presidencial onde deveria estar — nele.
Mas subitamente as coisas começaram a dar errado. Não uma ou outra, mas tudo. Temer foi um fiasco desde o primeiro instante. Mostrou competência apenas para uma coisa: fugir das vaias.
Inventou um diálogo com Putin, de quem não recebeu atenção nenhuma numa viagem ao exterior. Montou um ministério não apenas de homens — mas de homens manjadamente corruptos. Acomodou no governo gente ligada a Eduardo Cunha, seu antigo companheiro.
Na economia, as notícias não poderiam ser piores. Quem foi ludibriado com a lorota de que, derrubada Dilma, o sol voltaria a brilhar instantamente teve um choque brutal de realidade.
E para culminar, ele, Temer. Na semana passada, uma pesquisa apontou que apenas 9% dos ouvidos aprovam Temer.
Cresce o sentimento de que este regime não chegará a 2018.
E Aécio?
Sumiu. Um levantamento no Google e verifiquei que ele escreveu dias atrás, em sua coluna na Folha, um texto sobre o desastre de Mariana.
Nada sobre a assombrosa crise política da qual ele é um dos maiores responsáveis — se não o maior.
Este é Aécio. Tom Mix quando tudo está a favor. E desaparecido quando as coisas se complicam.
Confira também, Estudante de 16 anos defende ocupações e humilha deputados
Comentários
Postar um comentário