Revista Fórum - Em Santa Catarina, no município de Chapecó, alunos preparavam cartazes, sentados, sob a presença de policiais fortemente armados. Em vídeo registrado no momento, um agente circula dentro da escola, entre os secundaristas, com uma escopeta empunhada, sem utilizar a bandoleira, acessório de segurança que impede que a arma caia e dispare acidentalmente.
O caso aconteceu na Escola de Educação Básica Irene Stonoga, uma das instituições de ensino ocupadas no estado. Túlio Vidor, coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos Marcelinho Chiarello, visitou o local e comprovou violação de direitos por parte de policiais e da direção da escola.
Ele destacou o impedimento da distribuição de comida e de acesso pelos pais ao local onde seus filhos estavam confinados, em uma única sala. “Sem acesso a aparelhos da escola, os alunos cozinhavam em fogareiro de botijões de gás, colocando-se em risco direto”, contou.
“Durante o tempo que permaneci lá, havia policiais com policiamento tradicional. Mas chegou ao nosso conhecimento a gravação de vídeos nos quais alunos estavam cercados, mantidos sentados no pátio da escola, cercados por oficiais com fuzis”, alertou.
Agressão
O estudante Vinicius Pinheiro, de 18 anos, colava cartazes junto com os colegas da ocupação quando um homem, que ninguém soube identificar, começou a agredir os jovens. O garoto contou que recebeu socos, em meio à confusão. “Eu empurrei ele para me defender, né? Ele tentou me dar uma cabeçada”, disse.
Everton Bandeira Martins, professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, que acompanhava a ocupação, relatou que o homem ainda ameaçou os estudantes e disse que voltaria mais tarde armado. De fato, ele retornou e atirou fogo em cartazes colocados pelos alunos em frente à escola. De acordo com Vinicius, o suspeito estava armado e a polícia foi acionada.
Ameaças
A diretoria da escola teria prendido os alunos dentro do prédio, segundo as testemunhas. O local, cujo portão é acionado eletronicamente, estava trancado e a responsável pelo colégio não teria deixado os adolescentes saírem.
No vídeo abaixo, pais dos estudantes aparecem preocupados com a situação que se agravava cada vez mais. Um policial teria dito, enquanto apontava a arma para uma aluna, que estava ali para “acalmar os ânimos”, conforme informou um dos jovens à reportagem.
Testemunhas contaram que os estudantes, agora, seguem assistindo aulas preparadas por eles próprios com convidados. Representantes de advogados ativistas compareceram ao local para auxiliar os secundaristas e explicar seus direitos, bem como o funcionamento do mandado de segurança que permite que a ocupação seja mantida.
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