Já circulam dois discursos na praça para convencer a opinião pública de que se Temer for cassado a emenda vai sair pior que o soneto, é melhor deixar tudo como está – com o que concorda o melhor amigo de Temer no TSE, o presidente da corte, Gilmar Mendes.
O primeiro discurso defende a tese de que o brasileiro cansou de ir às ruas. Ponto final. Então não adianta mais convocar protestos em praça pública, a menos que se queira a repetição do fracasso de domingo passado.
É uma tese equivocada. O protesto de domingo não teve adesão porque as pessoas de classe média fantasiadas de verde e amarelo se tocaram que não podiam apoiar a Lava Jato e o governo Temer ao mesmo tempo porque a primeira combate a corrupção e o segundo combate a primeira. Na dúvida entre defender a Lava Jato ou o governo Temer ficaram em casa.
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No entanto, há duas semanas, milhões de trabalhadores acorreram às ruas para protestar c0ntra a reforma da Previdência.
Ou seja, é mentira que o brasileito não tem mais disposição para protestar, ele protesta e vai continuar protestando quando houver motivo. E porque de nada adianta criticar medidas do governo trancado em casa.
O segundo discurso é que se Temer for cassado vem uma coisa pior ainda. E essa coisa pode resultar até no cancelamento das eleições de 2018.
Esse argumento defende a ilegalidade em nome do casuísmo e ignora a constituição que manda cassar o mandato da chapa que incorrer em abuso de poder econômico. O abuso está mais do que provado ou tudo que os jornais publicaram sobre as delações da Obebrecht são falácias. Se as campanhas receberam dinheiro via caixa 2 não foi por outro motivo senão para burlar os limites de gasto permitidos em lei. Se o julgamento seguir o que a lei manda fazer a cassação é inevitável.
Mas, como tem acontecido nos últimos tempos, as decisões judiciais no Brasil sempre têm um viés político e as leis são flexibilizadas de acordo com os interesses do momento.
Todas as manobras serão postas em prática com o objetivo de 1) adiar ao máximo a decisão do plenário do TSE, com troca de juizes, pedidos de vista etc; 2) recorrer a todas as instâncias possíveis, se a cassação vingar, para não ser aplicada antes de 2018 e 3) convencer as ruas de que é melhor ficar em casa.
Somente a pressão das ruas poderá lembrar aos ministros do TSE de que a única forma de o país entrar nos trilhos é obedecer à constituição.
Por mais que os arautos do medo tentem desenhar nuvens sombrias no céu de anil se a constituição for obedecida e Temer cassado, cá entre nós, o que pode ser pior para o país do que aguentar mais dois anos de governo Temer?
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