BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise política causada pela denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer desistiu de comparecer à cúpula do G20 na próxima semana, informou o Palácio do Planalto.
Parte da equipe de governo defendia a viagem, sob a argumentação de que a presença de Temer seria importante para não passar a ideia de que o país estava sem liderança. A agenda interna, no entanto, falou mais alto.
De acordo com uma fonte, havia o temor de que a ausência de Temer no Brasil no momento em que o governo tenta votar a reforma trabalhista --possivelmente o último projeto importante que o governo que conseguirá aprovar nos próximos meses-- poderia causar mais problemas para a articulação política e pôr em risco a votação.
Além disso, nas próximas semanas o governo terá que se organizar para tentar derrubar a denúncia contra Temer na Câmara dos Deputados. Apesar de precisar garantir apenas que os favoráveis à denúncia não somem 342 dos 513 deputados, o Planalto teme a defecção nas bases.
Temer chegou a discutir a viabilidade da viagem com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, nesta quarta-feira, mas tomou a decisão no início da noite.
O presidente teria uma extensa agenda de viagens internacionais nos próximos meses. Uma segunda viagem, esta à Colômbia, no dia 11 de julho, já havia sido cancelada.
A participação na cúpula do Mercosul, no final de julho, na Argentina, ainda está prevista. Uma fonte palaciana disse à Reuters que Temer pode cancelar até mesmo a participação na reunião do bloco.
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