Foram mais de 13 horas de discussões até a proclamação do resultado, pouco depois das 23h desta quarta-feira (28). Foi um dia de tensão entre os senadores, com direito a muita troca de acusações entre oposicionistas e membros da base.
Sem nenhuma surpresa, o senador Jader Barbalho votou a favor da reforma trabalhista na CCJ. Mas será que ele tem moral pra fazer?
Jader no centro da propina de Belo Monte
Flávio David Barra era o executivo da Andrade Gutierrez que guardava os segredos mais recônditos da corrupção da hidrelétrica de Belo Monte. Foi diretor da área de energia da construtora.
Enquanto o então presidente do grupo, Otávio Azevedo, supervisionava as propinas, Barra negociava diretamente com as outras empresas e com os partidos envolvidos no acerto: 1% do valor da obra viraria propina, sendo 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB. Esse valor seria calculado sobre o contrato inicial de R$ 13,8 bilhões assinado pelo Consórcio Construtor de Belo Monte, formado por nove empreiteiras, e a Norte Energia, que tem o grupo Eletrobras como acionista. Depoimento obtido por ISTOÉ prestado por Flávio Barra aos investigadores da Procuradoria Geral da República, até hoje sob sigilo, traz novos detalhes sobre a obra. A principal revelação coloca o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ainda mais perto da corrupção em Belo Monte.
Segundo Barra, um apadrinhado de Jader, o ex-senador pelo PMDB do Pará Luiz Otávio Campos, foi arrecadador da propina destinada ao partido, em substituição ao filho do então ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA). Luiz Otávio passou nos últimos anos por vários cargos do governo federal, incluindo de secretário-executivo dos Portos quando a pasta era comandada por Helder Barbalho (PMDB-PA), filho de Jader. Hoje, Luiz Otávio é assessor especial do ministro dos Transportes Maurício Quintella (PR), mas continua dando expediente na Secretaria de Portos. Procurado, Luiz Otávio confirmou conhecer Barra, mas “nega qualquer acusação de que tenha intermediado repasses ilegais”. Disse que as doações ao PMDB foram registradas legalmente.
De acordo com Flávio Barra, Lobão trocou o arrecadador do PMDB em 2013, em meio a um impasse sobre um aditivo na obra. “Nesse contexto, Edison Lobão disse ao declarante [Flávio Barra] que o intermediário do recebimento de vantagens indevidas destinadas ao PMDB não mais seria Márcio Lobão, mas sim Luiz Otávio Campos, ex-senador pelo PMDB/PA”, revelou. Barra ciceroneou o aliado de Jader junto aos empreiteiros dos quais deveria cobrar a propina. “O declarante apresentou Luiz Otávio Campos aos representantes das demais empresas integrantes do consórcio construtor”, contou.
Jader já é investigado no Supremo Tribunal Federal sob suspeita de corrupção em Belo Monte. Também são alvos do inquérito o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
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